Quando deu 8:30hs, o navio já estava amarrado,gangway no lugar. Perguntei pra um segurança – “John, os visitantes já embarcaram?” “Não Fernanda, ainda não abrimos. Você tem visita?” – “Sim Jonh, meu ex marido, mas não tenho certeza se ele vem. Se ele chegar, vc liga lá no SPA? Tenho que ir trabalhar”. - Então o John, que é o indiano mais legal do mundo, passou o rádio pra todos os seguranças do navio. De todos os cantos. Se o Raul aparecesse, era pra avisarem a Fernanda. Pronto. O navio tava todo avisado. Era só esperar ele chegar...
Como era o primeiro dia de Buenos Aires, todos os passageiros saem do navio, e o barco fica às moscas (ou seja, sem nada pra fazer no SPA). Eu subia e descia igual barata tonta. Do deck 10 (da varandinha aonde tinha a melhor vista da gangway), até o deck 11, no SPA, só pra fingir que eu tava trabalhando. Que angústia meu Deus. Ficava olhando todos os ônibus que vinham do terminal pro navio, e todos vazios. Chegavam na porta do navio, enchia de passageiros e “ía-se” embora. As meninas do SPA estavam tão ansiosas quanto eu, a espera do “desconhecido” Raul. Na minha última tentativa, chamei Poliana para ir comigo. Ficamos olhando ônibus irem e virem durante uns 20 minutos. Quando olhei no relógio: 10:25hs, falei pra Poli. “Bom amiga, ele não vem mesmo, trabalha daqui à pouco, não daria tempo. Vamos subir”. Mas mesmo assim alguma coisa me fez esperar o último ônibus. Parou. Desceu alguém.
Um homem alto, de regata branca e tatuagem gigante no braço. Meus olhos não estavam acreditando que era ele. Poli!!!! É o Raul!!! Comecei a gritar o nome dele que nem louca!!! A Poli se empolgou e gritou também!!! Parecíamos 2 malucas gritando lá do alto... e de repente ele virou a cabeça, olhou pro alto e me viu!!! O choro veio lá de dentro... Gritei que eu tava descendo, e voei. Nem lembro aonde foi parar a Poliana, só sei que desci o mais rápido que pude... pelo elevador dos passageiros mesmo, que é proibido. Cheguei na Gangway, não conseguia nem respirar. Quando ele veio em minha direção, fiquei muda, parada, sem reação, e finalmente ganhei o abraço “de urso” mais gostoso, e mais esperado do mundo, que só ele sabe dar, e me desmanchei a chorar. Ah, Que saudades!!!
Ele tinha conseguido folga o dia todo, então ficou no meu navio até as 4hs. Começamos com o tour na área dos tripulantes; cabine, academia e SPA. As meninas finalmente conheceram o tal Raul, e esse assunto deu “pano pra manga”. Depois, piscinas, shopping e buffet. Conversamos sobre tudo e mais um pouco. Conversamos sobre a gente, sobre o passado e sobre o futuro. Conversamos sobre a família, os amigos e a Joaninha. Comparamos os nossos navios, as nossas comidas e as nossas festas. Combinamos de nos ver no fim de fevereiro, qdo nossos navios se encontram de novo e desta vez, eu que vou visitá-lo. Nos despedimos na gangway como grandes e bons amigos, e desta vez, aquele “tão esperado último olhar”, que eu tanto aguardei no aeroporto, apareceu. Nesta hora um filme passou na minha cabeça, de tudo que já passamos juntos e como viemos parar aqui. Chorei. (Não diga!!! Estou curada do “bloqueio emocional anti-choro” Rsrs).
Não rolou nenhum beijo, como imagino que estejam perguntando, nem tampouco juras de amor eterno.
E com tudo isso... percebi que 7 anos são muitos anos para se esquecer em apenas 1.