Frase

“Opportunity is not only being in the right place in the right time but to have the courage to go to the right place when the right time comes”.


BLOG FEITO À MINHA FAMÍLIA, AOS MEUS AMIGOS, E A QUEM TIVER INTERESSE EM VIAJAR COMIGO, NESTA NOVA AVENTURA, TRABALHAR EM UM NAVIO.....

terça-feira, 7 de dezembro de 2010

SPA SATURNIA – Deck 11

Nosso Time



Minha sala é a maior do Spa, não porque eu seja especial e ganhei uma sala grande. Na verdade acho q me deram esta sala porque ninguém queria mesmo. Rsrsrsr. Ela é a mais barulhenta de todas , porque a brinquedoteca é bem em cima e tenho certeza que as crianças treinam o salto triplo carpado bem no horário que eu estou atendendo. A tomada da sala fica longe do carrinho e tem um espelho gigante a mais pra limpar, mas eu gosto muito da minha sala. Aliás estou nela agora. No meu tempo de folga, que é praticamente o tempo todo, fico escrevendo no meu caderno, e qdo chego na cabine passo pro meu computador. A minha maca é a única elétrica e fica mais alta do que as outras, (minha coluna agradece), e além disso aqui é o centro de encontro das brasileiras. É aqui que arrumamos o cabelo, retocamos a maquiagem e cochichamos.
Tem também a sala chamada “Couples Room”. Tem uma vista linda para o mar e a massagem é feita em dupla, geralmente casais. Ela é maior do que a minha, mas é estreita demais para caber duas macas. Não consigo me movimentar e a Poli brinca comigo que eu faço a “dança do siri” pra passar de um lado pra outro da cama. KKK. A última massagem que fizemos juntas lá foi uma comédia. A sorte é que os clientes ficam com os travesseirinhos de lavanda nos olhos e não conseguem ver a gente rindo... rsrsrrss.






Couples Room


Percebi que eu gosto de fazer massagens. Sinto como se estivesse fazendo em mim, e viajo nos movimentos. No SPA tocamos umas músicas que passam em todas as salas, meio flauta com fundo de passarinhos e sons de água caindo. Entro no ritmo e a coisa flui. O mais legal é quando um cliente elogia no meio da massagem, aí fico empolgada e capricho mais ainda... KKK – ta parecendo que to falando de sexo! KKKKK! Mãe! Pula essa parte!!!!! KKKKKK

Ontem estava no desk com o Anderson e um espanhol chegou dizendo que já tinha marcado 2 massagens balinese. Uma ele já tinha feito o dia anterior e a outra seria hoje ás 18hs. Como ele falava espanhol, levantei pra conversar com ele porque finalmente conseguiria me comunicar com alguém. Aí ele perguntou se poderia trocar a técnica da massagem e a terapeuta, pq ele não tinha gostado. Não sabia se poderia fazer isso, mas troquei, e agendei pra mim. Qdo ele veio eu caprichei bastante, afinal não queria que ele me achasse pior do que a outra. O cara adorou, disse que minhas mão são muito boas (ó-lá, parece que estou falando “daquilo” de novo, rsrsrs), e disse também que “isso sim é que era massagem”. Fiquei tão feliz!
Qdo eu tava quase acabando a massagem, feliz da vida porque seria a primeira vez que eu iria tentar vender algum produto, já que o cara me amou, e eu meu portunhol é muito bom, ele começou a me paquerar. Perguntou: “ vc tampou meus olhos para eu não ficar te olhando?” Puts! Respondi que fazia parte do tratamento, que sempre fazemos isso para os clientes relaxarem, aí depois ele perguntou se eu era casada e aonde estava meu marido
Respondi que ele trabalhava no navio também. Ah! Fiquei puta! Terminei a massagem 10 minutos antes, parei de fazer sorriso Steiner, desisti de tentar vender alguma coisa, não toquei o sino e falei pra ele que esperaria lá fora pra ele pagar. Ah, fala sério!!! Isso só comprava a minha teoria.. aquela que a Milla acha o máximo: brasileira+massagista+tripulante= PUTA (portanto, não esqueçam disso futuras Steiner! Deixem claro, sempre, que somos profissionais........................ da massagem!!!) rsrsrsrs.
E nem gorjeta o “raio do hómi” me deu!!!

Um outro cliente estava tentando achar a porta da hidromassagem, que é escondida dentro do vestiário, e não tem placa. Ele se zangou porque não achava, e a gente não pode entrar no vestiário masculino pra mostrar... Ficou muito bravo com a gente que estava desk, e disse que ia embora e saiu adando! Eu, com meu jeitinho fofa de ser, fui conversar com ele, (em inglês). Insisti pra ele vir comigo disse que a mulher dele estava esperando ele lá, (e estava mesmo) que eu o levaria pelas caminho das salas das massagens, já que eu não poderia entrar no vestiário. Consegui convencê-lo, e ele foi meio à contra gosto. Hoje ele apareceu no SPA só pra perguntar meu nome e disse que ia votar em mim no “bravissimo”. (que é um questionário que os passageiros preenchem e votam em alguém que fez “ a diferença” no cruzeiro. Fiquei tão feliz!).


Meu amigo Andy lindo que fez

A língua

Festinha dos tripulantes



A maior dificuldade com certeza é a língua. Meu inglês tem melhorando porque converso bastante com a Ivana, minha cabinmate, e com o Darko, fitness do Spa e vizinho de quarto, que não sai da minha cabine. Mas no SPA tem sido uma catástrofe. A maioria dos hóspedes são alemães, Italianos, franceses e japoneses, e pra piorar eles não falam inglês. É uma loucura. Como neste Spa não tem recepcionista, revezamos quem ficará no desk, aí é um sufoco! Hoje fiquei com a Poliana de manhã. Foi só risada. Cada vez que chegava um alemão ou francês e fazia alguma pergunta, a gente balançava a cabeça fingindo entender, falava “ui, ui” e eles iam embora felizes. Sei lá o que perguntavam!
Os japoneses são uns fofos. Vibram com tudo que vêem , agradecem o tempo todo, estão sempre sorrindo, felizes e em bando. Fiz um dia o “Bye Bye line”. Rsrsrs... pois é, tem nome isso. Ficamos em fila, na saída do navio. Cada pessoa de um setor fica dando tchauzinho para os passageiros, e alguns passageiros respondem, e dão tcahuzinho também... mas os japoneses... ahhh, nada é igual a eles! Tiram fotos com a gente, agradecem milhões de vezes, pegam na nossa mão!!! São realmente uns fofos!!!
Os italianos são meio grosseirões mesmo, como dizem. Se não falamos italiano eles ficam de cara feia, bravos, e saem andando. Parece que eles não admitem estarem em um navio italiano e ter pessoas trabalhando que não falam a língua deles. Estou tentando aprender... mas ta difícil. No meu 1° dia estava na recepção , puta da vida porque me deixaram sozinha lá. As “filipas” (filipinas) sempre fazem isso, somem e a gente que se lasca. Aí apareceu um italiano, daqueles com cara de mafioso e perguntou “La palestra?”, eu desinformada, não sabia que horas seria a palestra que a Milla ía apresentar, na verdade nem sabia que teria. Saí correndo pra academia pra perguntar pra ela, não achei a Camila e voltei pra recepção: “No ai palestra oje”, disse. Ele arregalou os olhos! A Dani apareceu, com suas asinhas de anjo; o chefe da máfia perguntou pra ela a mesma coisa, ela apontou pra porta e disse” per qua”. O cara olhou feio pra mim e saiu falando alto e reclamando. Deve ter me xingado horrores. Palestra significa academia em italiano. Puts! Que papelão!!!
É um saco isso! Essa coisa de não conseguir falar. Não conseguir se expressar. Eu me sinto impotente, burra, completamente incompetente! A comunicação é tudo! Todos os clientes que tive foram atendidos na mímica. Gostaria de poder conversar com eles, perguntar se sentem dor, aonde sentem, em quanto tempo. Se estão curtindo o navio, se a música da sala está muito alta. Avisar que o óleo da massagem está quente, perguntar se estão com frio... qualquer coisa. Meu Deus, como é difícil ser muda!

1° impressão

Minha cama!!! Renata e Simone




Hoje faz uma semana que estou aqui. Na verdade não sei se é sábado ou domingo. Aqui no navio, nós perdemos a noção de tempo, e dos dias da semana... os dias são contados pelas “paradas”: Dubrovnick, Santorini, Katakalon, Rhodes... e assim vai... As pessoas falam: “No dia de Mykonos, vamos todos pro Crew Bar”, como se fosse: Na quinta feira vamos pro Crew Bar.. é engraçado... estranho no começo... mas já estou fazendo isso... e olha que só estou em Veneza...
No dia 08, eu e a Milla acordamos bem cedinho, passeamos um pouquinho na “Cidade Velha” de Dubrovnick - Croácia - (tava tudo fechado) e depois fomos para o navio... O frio na barriga só terminou de noitinha.... quando botei a cabeça no travesseiro, e dormi com o balanço do mar, e que balanço... três comprimidos de “sissi” pra evitar o enjôo. E funcionou... não enjoei nenhum dia até hoje! Que beleza! Falando em “Que Beleza”, todas as vezes que tem embarque, ou Drill, os avisos são feitos pelos auto-falantes, em pelo menos 5 línguas, e no final de cada delas, o cara fala: “Que beleza!!!”, em português mesmo!! A primeira vez que ouvi pensei que estava ficando louca, mas eles falam mesmo!!! Rsrsrsr. É muito divertido!

Fomos até a porta do navio, naquelas pontesinhas que ficam lá para os passageiros descerem, e falamos para os seguranças, que somos tripulantes, que estávamos embarcando aquele dia. Ele chamou uma garota, Daniela, que nos levou ao seu escritório de mala e cuia, pediu os nossos documentos, passaporte, contratos da Steiner, essas coisas. Depois o Costel, nosso manager apareceu. A primeira impressão não foi muito boa, porque o cara é da Romenia, e dizem que os romenos são os gerentes mais terríveis da Steiner. Ele levou a gente pra conhecer as nossas cabines, e mudou as nossas chaves, pq até então a Daniela já tinha entregado a mesma cabine pra gente... Nossa felicidade durou 5 minutos... rsrsrs. Conheci minha roonmate, Ivana, ela é da Servia, e parece ser meia maluquinha. O quarto, kit, flat, cabine, ovo, estava uma zona só... bebida por todo lado!!! Ela pediu desculpas pq fez uma festinha no dia anterior e não teve tempo de arrumar! Oh my God!!! KKKKKKKKKK . Me arranjei num cantinho, e subi pro SPA junto com a Milla e o Costel... que até então eu ainda não tinha o apelidado de Pastel.... KKKKKKK.
Lá encontramos a Poli.... como foi bom ver que ela estava feliz... deu um alívio! Conhecemos todas as meninas, 2 italianas, 4 filipinas, 1 romena, 1 brasileira - a Dani (a mais fofa de todas) e o Anderson, cabelereiro meio brasileiro meio italiano, e completamente gay! Rsrsrs! Figuraça de tudo! Falando em gay: 98% dos homens deste navio são gay, 80% deles, dão na cara, 10% são “come quieto” e os outros 8% tentam esconder, mas qdo a bebida aparece!!! Todos viram purpurina! Rsrsrs. É muito divertido estar com eles, o ruim é que não vou arranjar nenhum namoradinho desse jeito! Toda vez que a gente conhece alguém, ou tem embarque de tripulantes novos, falamos: oi tudo bem? Vc é gay? É verdade! Todas as meninas fazem isso!!! Rsrsrrss.

Depois do tour pelo SPA, descemos pra colocar o uniforme, fazer aquele crachá (name tag) com o nosso nome e a bandeirinha do país, o meu ficou lindo: Fernanda Casagrande, do jeito que eu queria, sem o Oliveira, Massage Therapist, Brazil.... adorei! Passamos no médico pra entregar os exames, fomos no crew bar tomar um café, fizemos um mini Drill, com o Giovanni, Oficial Italiano responsável por tudo ligado à segurança do navio. E à noitinha, depois de eu ter socado minhas roupas no ultra-mini-light armário, fomos no crew bar de novo, tomar uma, duas, três cervejinhas. Temos um desconto bem grande em tudo.

No dia seguinte atendi uma pessoa... fiquei desesperada, como se nunca tivesse feito uma massagem na vida, mas tudo correu bem. Não fiz todos os passos que a Steiner ensina, pq realmente não dá tempo... e o tempo é precioso, porque é um cliente atrás do outro,mas eu ainda não cheguei a isso, tive no máximo 3 clientes por dia, em 12 horas de trabalho... Não vejo a hora que chegue o Brasil pra poder falar português com os passageiros, e conseguir vender algum produto.

A primeira semana tem Drill todos os dias. São aulas de segurança no navio, que dura aproximadamente 1 hora. É bem legal, conhecemos aonde temos que ir em caso de emergência e abandono do navio. No dia do 1° embarque de passageiros que passei, em Veneza, fomos todos com aquele colete amarelo, de tripulante, mostrar aos passageiros como fazer para amarrar o colete certinho. Me achei!!! Lembrei das vezes que fui passageira e imitava o carinha explicando tudo... hoje, eu sou “carinha”... e as pessoas imitam mesmo! É muito engraçado! Se eu meter o dedo no nariz, é capaz que eles coloquem também!!!! KKKKKK



Eu Mila e Poli